terça-feira, 23 de abril de 2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Deste escrito ali lido, GCI



Acabo de ler um livro para logo começar outro, o que não faz sentido num país que não lê, mas ler para logo começar outro é como ler apenas um enorme livro, é não ler. Na verdade parece-me que não leio, pelo menos livros, leio apenas. É como escrever, escreve-se treinando a mão a ser o cérebro, sem ter o corpo pelo meio ou a consciência de que se escreve, é ligação directa como roubar um carro, é um assalto ao pensamento sem consciência de roubar ou ser roubado. É como o amor, o liquido, para quê ter trabalho, se tudo pode ser conseguido sem trabalho, o sexo, o carinho, a cama, o corpo, e o amor? O amor talvez seja como ler livros sem parar de ler, parece-me não um sacrifício, ler, mas isso deve ser pelo treino, escrever com a mão é muito mais complicado, implica treino. É como o amor, implica treino e insistir, ler não, implica apenas respirar, e o amor é isso é apenas respirar, depois de muito ler, é um acto contínuo sem principio, meio ou fim, é a biblioteca impossível de Borges. E a minha tia passou com dois cães ridículos segurando a trela, que parecia de cavalo, e portanto não um trela mas estribos, e uns sapatos de leopardo. Mas a minha tia não usa sapatados de leopardo, ou de tigre ou de qualquer outro grande felino, o que ainda nos dá a hipótese de usar sapatos de gato, mas assim seria ou assaltante ou escalador, que me parece que com este sol seria impossível, que embora arda como o fogo do inferno está um vento que o apaga. O vento apaga o sol e o meu tio não era o meu tio, que o meu tio não tem uma tonsura de bispo e uns óculos de cardeal, na verdade nem usa óculos. Mas o cabelo é o da minha tia, talvez a senhora o tenha roubado à minha tia. É preciso ver se a minha tia está careca, só para saber se o sol está quente ou se o vento está frio. É como o amor, quente e frio, mais quente ou mais frio dependendo de quanto se lê um novelo, ou será novela, sem fim. Um autêntico mantra de carícias exigentes e com todo o sentido, afinal de contas liquido era o amor, se não se lesse sempre o mesmo livro.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Fome


As the snow flies
On a cold and grey Chicago morn
A poor little baby child is born in the ghetto

And his mama cries
Cause there's one thing that she don't need
Is another little hungry mouth to feed in the ghetto

(...)

Then one night in desperation
The young man breaks away
He buys a gun and steals a car
He tries to run but he don't get far

And his mama cries
A crowd gathers round an angry young man
Face down in the street with a gun in his hand in the ghetto

And as her young man dies
On a cold and grey Chicago morn
Another little baby child is born in the ghetto