quinta-feira, 21 de março de 2013

Ás de espadas, Valete de copas

Conta as ondas, conta as ondas como se quisesses de sair de lá vivo. Tira a camisola e habitua-te ao frio, conta de novo como se fosse black jack. 21 ganhas 21 perdes. Estiveste a beber, não te sentes à mesa quando bebeste. Veste a camisola e vai embora. Estou bem, estou a contar as ondas. Estás enjoado, vais vomitar. É náusea sartriana, vai correr bem. Bebeste vinho, gin e whisky, não vais sair vivo. Já fiz isto vezes demais - pois, vezes demais. És capaz de ficar desta. Conto as ondas, para entrar e para sair, para apostar e parar. O risco é controlado, não pretendo ficar. Não? Talvez, mas não mesmo. A espuma quase que te manda ao chão, não entres. bebeste, vais morrer de indigestão. Não há problema, conta, entra, conta e sai. Não tem que saber, até uma criança era capaz, se não entrasse em pânico. Fuma um cigarro, mata-te mais devagar. Fumo sim, mas depois entro. Estúpido. De que é que tens tanto medo? Não posso viver sem ti. Sorri. Pois, não é apenas da boca para fora, não vives fora de mim. Merda apetecia-me mais um copo e isto está a ficar um gelo. Vou vomitar. Então não era sartriana? Vai-te foder. Sartre uma merda, detestei.  'Tá calado que vomitas. Entra lá. Ok, deixa ver como isto está. Entra à sétima e saí com a sexta, fácil - enterra o cigarro na areia fria. Isto hoje está para 21, balança o corpo, três passos rápidos, corpo em arco e entra debaixo da rebentação da onda. O gelo a cortar os ossos, o enjoo acalmou, a inocência como quimera ardente. Só o frio no peito a conter a respiração, a cabeça comprimida e a sensação de vertigem. Alea jacta est, apostas na mesa e o croupier só tem que virar as cartas da casa. Agora só falta contar para sair...

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